23 novembro, 2006

Anónimo


Aguarda a chegada das estrelas, pacientemente. Não fala mais do que é preciso. Observa com cuidado as cores amenas e doces do pôr-do-sol. Um raio de sol acaricia-lh a face. Obrigado. E só ele sabe porquê. A lua aparece por entre as mudanças das cores. A lua deslumbra. Fascina. Os olhos dele brilham pela fascinação. Ha alguém ao seu lado. Ele lembra-se disso e vai lá aconchegá-la com os seus mimos. Aquecê-la com o seu toque, pois agora, a noite traz o frio. Ela vagueia nas ruas do seu pensamento. Aprecia aquele calor. Para ela é algo de novo, confuso, confortável, constrangedor. Nunca ninguém lhe ensinara a misturar sentimentos a misturar sentimentos.
Há um sentimento que os rodeia. Mas não se pode dizer, não se pode tocar. Chiu!! É privado. Mas eles não estão sozinhos. As ondas do mar batem com a força da vontade deles. O vento sobra coma doçura do bater dos seus corações. As estrelas cintilam ao desejo deles. Eles dormem. Não precisam da vida para sentir, não precisam da luz para brilhar, não precisam de nada para estar juntos.
Os sonhos deles dançam. Rodopiam sobre si mesmos. É uma complicação com pretos e brancos. É abstracto. É deles. E não há ninguém que lhes possa tirar o preto e o branco. Os braçoes e os beijos. A gravata e o vestido da dança deles. Só deles!
Mergulham no escuro do imaginário, no profundo do nada que os consome, que os tem, que lhes dá tudo o que eles têm. Não que eles precisem ou queiram. Eles sabem aceitar as ofertas e ficar contentes em não pedir mais. Sabem gritar quando a garganta pede, sabem gemer quando a mente e corpo pedem. Sabem a dança deles. Sabem parar. Sabem mentir, sabem a dança deles. Sabem parar. Sabem mentir, sabem enganar, sabem confiar, sabem provocar. Envolvem-se nos seus próprios saberes. Tocam música, tocam aquele instrumento fascinante... a alma.
Só no fim se juntam. Se abraçam, se amam. Não! Não é assim! É mais fundo.
Só no fim se juntam. Se devoram, se consomem. Não! Não é assim. É mais doce.
Só no fim se juntam. Se absorvem, se abrangem, se estimam, tanto ele como ela. Não! Não é assim. É deles. É privado. É romântico. Tem estrelas, tem céu, tem mar, tem areia, tem luzes, tem escuro, tem pessoas, tem vazio, tem respirações, tem batimentos, tem pulsares, têm um e o outro. Não tem mais ninguém. Não há mais ninguém. Nem precisa haver.
Ele abre os olhos. Tem-na! Conhece-a como nunca conhecera antes, aprecia o seu corpo exausto. A alma fatiga-lhe o corpo. Ela é frágil, mas ali... é dona de algo sem o ser, é mãe sem filho, é vida sendo só uma mísera pessoa. Ele é adulto. Ali não passa de uma criança, que está ali só para de deixar levar. Está ali para ela e com ela. Está ali até as cores do sol nascerem.
Ela desperta do seu sono. É feliz. Está calma. Aconchegada. Vê que ele a admira com a beleza dos seus olhos verdes. Ela aproveita e observa-o também. Não há sentimento que descreva a imensidade daquele carinho que ela sente por ele. Do algo que ela tem. É absurdo. Ela sabe disso. Que mais haveria ela de saber? O resto não interessa. Porque haveria de interessar? Ali no meio da noite, da praia, dos sentimentos ela questiona-se o que faria sem aquele calor. Ela sobreviveria! Então esses pensamentos afastam-se dela com o beijo doce que ele lhe dá.
Eles abraçam-se retiros de angústia, de fantasia, de loucura. Juntos, estão a fazer o que está correcto. Veêm o mundo por outros olhso. Algures no meio daquele turbilhão de relações existe uma vazio. Os cheiros e os sabores misturam-se. É doce, é amargo. Não interessa. É bom. Delicioso e muito mais. O mundo exterior não tem qualquer contactp cpm eles, pois eles não deixam. Os sentidos são diferentes, forçados e de livre vontade. O seu próprio mundo parece mais engraçado. Aos zigues zagues e às voltas. O passado não dura muito naquele presente de fantasia......